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Conexão internacional no mercado financeiro: operações de cross-listing

By 14/04/2023No Comments4 min read

Por Leonardo Sandes e Taísa Albuquerque

O mercado de capitais é um sistema financeiro no qual empresas, governos e bancos que desejam levantar capital encontram-se com investidores que buscam oportunidades de aportar seus recursos nessas companhias e projetos, a fim de obter retornos através da valorização desses ativos ou de pagamentos regulares, como juros ou dividendos.

Dessa forma, os emissores, em busca de fundos para aumentar sua capacidade de investimento e crescimento, emitem valores mobiliários, ou seja, um ativo financeiro que representa ações, títulos e outros instrumentos financeiros, negociados no mercado de capitais.

Nessa negociação, intermediadores, como instituições financeiras e bancos de investimentos, organizam a transação dos valores mobiliários entre emissores e investidores, que os selecionam de acordo com sua disposição para o risco e seus critérios de investimento.

Dentro desse mercado, uma das formas de se levantar capital sem contrair dívidas é por meio da emissão de ações, que pode ser realizada no mercado nacional – de onde a companhia veio – ou em mercados internacionais.

O QUE É CROSS-LISTING, SUAS VANTAGENS E EFEITOS

As operações de cross-listing no mercado financeiro referem-se à escolha estratégica tomada por uma empresa de listar seus valores mobiliários simultaneamente em diferentes bolsas de valores, sendo presente tanto no mercado doméstico, como no exterior.

Esse procedimento geralmente é feito com o objetivo de aumentar a visibilidade e a liquidez desses ativos, bem como expandir o acesso a investidores em outras regiões geográficas, segmentando melhor o público-alvo para a emissão de ações. Além disso, também pode oferecer às empresas emissoras a possibilidade de aproveitar as vantagens regulatórias, jurídicas e fiscais de diferentes países.

O cross-listing também traz vantagens para os investidores, especialmente em termos de segurança do investimento. Isto porque as companhias emissoras devem respeitar padrões mais rígidos de transparência (disclosure) e de cumprimento das regras para elaboração das demonstrações contábeis (compliance) em cada um dos mercados em que optar por negociar seus valores mobiliários, permitindo, assim, uma maior e melhor cobertura por diversos analistas nacionais e internacionais.

O procedimento de due diligence – obrigatório nas emissões de valores mobiliários – é uma forma adicional de assegurar a integridade das informações financeiras apresentadas pelas empresas, configurando o relatório de auditoria uma peça crucial para a decisão de listar ou não uma ação na bolsa de valores ou emitir um título mobiliário de forma privada.

Dentro deste contexto, o maior acesso a informações, graças a tais exigências e aos rígidos controles exigidos pelo mercado, afeta positivamente o processo de valuation das empresas.

No entanto, a listagem em bolsas de valores em diversas jurisdições também pode trazer desafios, incluindo diferenças regulatórias e culturais. Ademais, investidores estrangeiros podem ter receio de investir em empresas cross-listed durante períodos de crise em seus mercados de origem, impulsionados muito mais pelo medo do que pelo desempenho da empresa.

Em geral, as operações de cross-listing constituem uma estratégia importante para que as empresas busquem recursos para seu crescimento, inclusive acessando o mercado financeiro global.